Depois de nove anos de Feijão de Cego, outro livro de contos se fazia necessário, sobretudo porque não parei de confeccionar, aqui e ali, um novo texto, que fui juntando a outros até que a voz da razão me alertou para o fato de o livro já estar devidamente trajado para ganhar os caminhos do mundo e da leitura. É certo que, no início, o projeto era pincelar cada um com alguma cena picante, para que os textos, no seu todo, fossem bem retratados pelo título - Fogo de Monturo e outras Fumaças. Entenda-se, fogo que vem de baixo, até se tornar visível aos olhos de todos, curiosos e não curiosos. Contudo, não foi possível, porque, no meio de tudo, surgiram outras temáticas, completamente divorciadas do projeto original, que terminaram me seduzindo, de modo que, ao lado dos textos inseridos no projeto original, outros contos se fizeram presentes, figurando ao lado dos demais, para funcionar como o copo de água depois de deglutido o prato de doce, hábito que só aqui me curvo. Uma explicação: Fogo de Monturo e outras Fumaças reúne os contos escritos nos últimos dez anos, em meio às crônicas de jornal, aproveitando o tempo que sobra, após a lavratura de votos, no seio do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, a me oferecer espaço para o parto devido. Ou seja, não sou um profissional, nem o conto figura como minha principal atividade. No mais é deixar patente que nem tudo é ficção, da mesma forma que nem tudo é realidade, porque no meio me situo, para comandar a orquestra, elaborando meus próprios arranjos, contando do jeito que acho conveniente, para, no final, bem no final, colocar o veneno na dosagem que considero adequada. E ainda que outros projetos de contos estão anotados, a depender de tempo e inspiração para serem transformados em realidade. Mas, isso é conversa para depois. Por ora, só o convite para o leitor se imiscuir no Fogo de Monturo e outras Fumaças, certo de que pode dispensar a máscara de proteção, porque esse fogo não queima, nem a fumaça incomoda.