Cerca de trinta teses já foram publicadas nas Universidades brasileiras sobre a obra de Teolinda Gersão. Ainda assim, a autora jamais havia sido editada no país. 'A Árvore das Palavras', terceiro título da coleção Tanto Mar, apresenta a narrativa lírica e feminina da escritora portuguesa. Dois verões, passados em Lourenço Marques (atual Maputo) nos anos 60, inspiraram Teolinda a escrever este romance situado na capital de Moçambique e que traça um retrato da vida de uma menina e de um país prestes a conquistar a independência. O livro é dividido em duas partes complementares. Primeiro, Gita, a menina, faz confidências a uma árvore sobre seus amigos, sua família, sua África. Lança sobre o continente uma visão quase mágica, própria da infância. Mas a narrativa não é tão inocente quanto aparenta. A brincadeira de criança remete a um gesto ancestral, em que, sob a copa das árvores, discutiam-se os assuntos da aldeia. Passada a infância de Gita, a trama se volta para as frustrações de Amélia, a mãe, costureira, que sonha com a vida social de suas freguesas. Amélia saiu de Lisboa rumo a Moçambique, atrás de um anúncio de jornal ao estilo de 'homem procura mulher para se casar'. Nos percursos tão antagônicos de Gita e de Amélia, aparecem figuras em comum, como Laureano, o homem do anúncio, e Lóia, a ama negra. Como em toda obra de Teolinda, o enredo de 'A Árvore das Palavras' se volta à problemática das relações humanas, a opressão e a liberdade, o amor e a morte.