"Há mais tons de branco do que a brancura faz supor." -e o que nos diz este livro, através das palavras de Maria Gabriela Llansol, logo em abertura ao primeiro dos três textos que o compõem. Trata-se, pois, de uma experiência simples -desvelar do branco as suas nuances -e inesperada -transferir o branco para o branco. Assim, talvez, pudéssemos em tender o percurso de escrita que aqui se configura: perseverando em um mesmo ponto -a branca dor -, com uma obstinação quase distraída, que faz o texto retornar continuamente a sua imagem atratora, Lucia Castello Branco avança, passo a passo, sobre a distancia exigida pela poesia de Emily Dickinson. Por isso, fazem-se necessários três tempos, ao longo dos quais o olhar da leitura e o trabalho da escrita atravessam diferentes paisagens -a dor, a leveza, o desastre, a morte, a beleza, o amor -, a fim de tornar visível, na imensidade exígua do livro, esse Elemento em Branco que alimenta a obra singular de Emily Dickinson, sua poesia, suas cartas. E é certamente por declinar da tentação do sistema e perseguir não exatamente a forma, mas o sentimento formal -como diria Emily -, que este livro faz do branco -aqui do insistentemente nomeado - menos o seu objeto que a sua Percepção, seu precário passo: deixando, ao fim, falar -toda só -a letra da poesia, escutamos , seu canto ecoar além -no movimento do branco para o branco."- Paulo de Andrade.