Na obra ficcional de Walmir Ayala, a poesia e a prosa narrativa se associam para comentar, com lirismo, o extraordinário e o inesperado do cotidiano. Esta alquimia, presente nos contos de "Anoitecer de Vênus", se apresenta nos dilemas, nas desesperanças ou no desamparo do ser humano. A solidão e o desejo, duas constantes, podem surgir no encontro com foliões travestidos com saias de tule, anáguas de tarlatanas, corpetes e batom, no meio de beatos que acompanham uma procissão ou numa galeria de arte. Composto de contos diversos, mas extremamente harmônicos, esta obra alinha intimidades: os segredos de confessionário ("O Ritual"), dos relacionamentos ("A Prisão", "O Filho Lobo"), das repressões ("A Chuva", "Xifópagas") e dos temores relacionados à morte ("As Barras de Ouro", "A Âncora"). Os cenários e as histórias são, em última análise, pretextos para a imaginação do autor dividir as próprias ansiedades e questionamentos sobre a vida, possivelmente em busca das mesmas respostas e saídas de seus personagens.