Esta coletânea encaixa-se na modalidade de memórias clínicas e é nesta perspectiva que deve ser lida. Mais do que discutir os recursos que a terapia ocupacional pode propiciar para a clientela, os autores contam sobre os caminhos percorridos, com as inevitáveis dúvidas e buscas vividas pelos terapeutas até que algum sinal é dado e determinada clareira conduz terapeuta e paciente (cliente?) a um igarapé mais seguro. Igarapé porque não há certezas e conquistas definitivas em terapia ocupacional, assim como estas não existem na vida - e é principalmente vida o que transparece nas páginas deste livro. A livre escolha das atividades, o acolhimento como postura política diante da clientela e da concepção de serviço público, a coragem na revisão de casos antigos que ilumina o trabalho realizado, a diversidade como projeto e as concepções filosóficas da complexidade por trás desses movimentos - todos esses aspectos do trabalho formam um conjunto aqui revisto com sensibilidade, humor e (por que não?) com esperança.