A paixão de Judith Farr por uma das maiores poetas americanas, Emily Dickinson, levou-a a criar esta fantástica ficção biográfica, na qual o leitor se defronta com a personalidade impetuosa da poeta, seus amigos, amores e aflições, através de cartas que ela bem poderia ter escrito na adolescência, a partir de seu ingresso aos 17 anos no Mary Lyon’s Female Seminary, em 1847. Mas cartas e poemas inventados por Judith intercalam-se a cartas e poemas originais de Emily Dickinson, em curiosa semelhança de formas e conteúdos, o que fascina duplamente o leitor: primeiro, pela qualidade literária e dramática da obra e da trajetória reais de Dickinson; segundo, pela bem-sucedida ousadia da autora de Nunca lhe apareci de branco, que cria com incontestável veracidade a ficção sobre o que Emily Dickinson poderia ter vivido e escrito. A correspondência central deste romance repleto de personagens atraentes se dá entre Emily e Susan Gilbert, que mais tarde se tornaria sua irmã adotiva. Através das confidências entre duas amigas, Judith discute as questões sexuais de Emily, seus afetos, desejos e angústias. Não bastasse este clima de ficção real, há, ao longo do livro, um intrigante mistério sobre a verdadeira identidade do “mestre”, destinatário de cartas só conhecidas após a morte de Dickinson. É uma novela fascinante e original, articulada por cartas e poesias de duas poetas afins, Emily Dickinson e Judith Farr.