Os bárbaros não somos nós, e sim aqueles que nos invadem, tão doces, tão cruéis, como a epígrafe de Gilberto Gil por Moama escolhida para acolher, dar margem a esse rio de contenteza, de braveza, de beleza. Também me sinto tão bárbara quanto a estranheza de poder ler todos os poemas do livro numa tirada só, numa matemática que já somei e subtraí e dividi muitas vezes, nessa leitura de corpo inteiro. São quarenta e cinco poemas, e o meio dessa conta pode ser o poema Vulgo amor ou o poema Ode à barata. Entre os dois, está lá Theodor W. Adorno, estamos eu e você, leitora/leitor, entre duas cartilhas de muros: uma primeira, que abre o livro e nos convida a derrubar fronteiras, e uma última, terceira, que fecha o livro e nos convida a repensar a poesia, o poema, a escrita. Moama escreve em diálogo com tantas mulheres; todas convidadas a dançar nessa roda, pois Moama abriu a caixa de abelhas, e são elas que recebem os bárbaros, antes que que eles voltem/a cavalo/antes que eles cheguem/(...)