Henri-Pierre Jeudy mostra, nestre livro, onde a ironia emerge como possibilidade, única talvez, de se viver o ocaso do sentido por seu excesso. Do grego elro, que significa tecer e amarrar, a ironia é um exercício do espírito, uma astúcia comunicacional, que prende o interlocutor nas malhas de um tecido lingüístico graças à soberana invenção de uma outra certeza. Dizendo o contrário daquilo que se pode querer fazer entender, o ironista zomba do mundo e aponta para um caminho situado além dos dogmas da verdade absoluta. A originalidade da análise em A Ironia da Comunicação está em, retomando a lição de Kierkegaard, retirar o artifício irônico da sua velha posição de radicalidade individualista do sujeito para repô-lo como forma coletiva, que é a ironia da comunidade, a partilha comunitária dos jogos de linguagem em torno do sentido.