Muitas são as linhas de fugas veladas sobre o camponês brasileiro nos textos oficiais, oriundos de múltiplas academias e nomes de grande relevância. Ora tais linhas ocupam na presente pesquisa um lugar primordial. É assim que o silêncio sobre o corpo ou sobre a "parte mal-dita" do desejo camponês encontra no autor um espaço, uma sensualidade, uma vitalidade, uma ética e uma economia dos afectos raramente percebidas nas pesquisas realizadas no Brasil sobre o tema abordado. Neste contexto, não se trata mais de sociedades camponesas, todavia, de criação de um imaginário enganador no qual o homem do campo não se encontra, não se vê, não existe, não está em devir. Ele é, sobremaneira, a diferença, o não-dito da emoções, o indizível, a parte mal-dita, velada. Ele é o segredo dos segredos. Ele se aproxima, antes, de uma categoria nostálgica que de um agente social. Neste sentido, muitas são as contribuições de Paulo Rogers Ferreira neste livro, visivelmente jovem, livre, alegre, de uma alegria de saber, conhecer, pesquisar e, sobremodo, de uma alegria como força maior do conhecimento. Uma alegria-corpo.