Revelar os encobrimentos da modernidade. Esta é uma tarefa contemporânea essencial para a superação de uma era de radicais exclusões. Foram quinhentos anos de construção de uma hegemonia que parece chegar ao fim. Um passo importante para a desconstrução deste projeto uniformizador (normalizador) é o de tornar visíveis e compreensíveis os mecanismos que tornaram possível o encobrimento da diversidade e a naturalização de processos históricos de exclusão de um "outro" sistematicamente rebaixado, animalizado e muitas vezes coisificado. O que chamamos de modernidade, uma modernidade europeia, se materializa em um aparato gradualmente construído de encobrimento e rebaixamento. Um dispositivo moderno é criado e nos acompanha até hoje: a relação "nós vs. eles". Como diria o filósofo e psicanalista Alain Badiou, o nome coletivo esconde a singularidade que nos torna únicos e iguais e a nomeação na terceira pessoa é um passo para o extermínio, para o genocídio. Assim, a modernidade nos apresenta o estado moderno, com um poder centralizado de função padronizadora. Para que este poder se viabilize é essencial construir identificações, que permitam superar a diversidade presente no território destes estados. A mesma padronização é essencial para viabilizar o novo sistema econômico, que jamais se afirmaria sem o aparato estatal moderno e seus instrumentos uniformizadores: o capitalismo. Assim se desenvolvem as instituições que nos acompanham até hoje: o exército nacional; a moeda nacional; os bancos nacionais; o povo nacional; o direito moderno; os mitos nacionais (os heróis nacionais); a polícia; a burocracia e a escola moderna. Sim, sem a escola moderna, dificilmente este projeto teria sido viabilizado durante estes quinhentos anos de hegemonia construída sobre o ocultamento do outro. Uma escola que no lugar de padronizar; uniformizar e ocultar o outro, revele e liberte, é o tema central deste trabalho. Leitura obrigatória.