Uma senhora, uma menina, uma mulher. Três vidas na mesma vida. Almas que se cruzam e não se olham, que se conhecem e não se entendem. Como as memórias que nos atormentam os últimos minutos de vigília antes do sono, as lembranças dessa senhora menina mulher se misturam e se (con) fundem com seu hoje, seu desejo de esquecer, de lembrar. Diante da vida que podia ter sido e não foi, diante da carta de uma mãe louca escrita há anos, uma alma angustiada e solitária se debate com suas lembranças, suas dúvidas, seus arrependimentos e sua dor. Carta ao tempo é a materialização abstrata da dor, é um triste olhar para uma vida inteira em que quase se viveu, em que quase se foi feliz. Triste sem deixar de ser leve, belo e suave, como tudo na vida. Tudo em Carta ao tempo se resume a um quase. Quase vida. Quase morte.