Escrever como tentativa Se a ansiedade tivesse um som, seria de uma ambulância desperta. Não sei exatamente o que, mas é como a luz automática de um corredor acendendo enquanto você passa. Enquanto criança, você se questiona se tem algum superpoder: fui eu? Sim, foi você. E então crescer nos livra da imaginação e nos conta verdades. Foi exatamente assim que me senti enquanto as páginas iam passando: estou encarando fatos, e eles estavam presos na garganta. Na minha? Também. Na sua? Provavelmente. A Jessica tem esse poder, o de quando a gente é criança e resolve que é mágica ter acendido a luz. Ela nos conta o que é íntimo como quem coloca a mesa do almoço de domingo, nos fazendo pensar que é cuidado enfrentar a realidade tão dura e incômoda como a receita de todo fim de semana de uma mãe. No fim, uma espécie de conforto cria espaço entre o desconforto de uma mulher adulta que só quer ser boa pra sua versão criança que tentava incessantemente livrar-se de algo. (...)