Esta obra revela que não há construção epistêmica sem uma construção identitária que passa pelos caminhos e pelas sendas do diálogo e da interpretação. A leitura hermenêutica que ele se propõe é uma hermenêutica de si que perpassa a globalidade do texto. Pois, a compreensão de que o texto se constitui também como um ‘outro’ que nos fala e nos interroga é uma constante na leitura desta obra. Sobretudo, ao perceber no conjunto dos textos um grande horizonte de abertura, que nos encaminha para uma interpretação mais atenta a uma nova gramática filosófica e pedagógica. Por sua vez, a obra percorre um itinerário teórico-metodológico muito sutil e bastante cuidadoso. Sobretudo, quando ao traçar o quadro teórico-conceitual pensa numa perspectiva interdisciplinar, num sentido mais poroso desta relação, pois pretende abrir um diálogo amplo e fecundo entre as várias áreas do conhecimento, nomeadamente uma interface, um diálogo de fronteira entre Filosofia e Educação. O retomar desta relação torna o texto inusitado, tanto em seu caminho metodológico quanto em sua construção epistemológica. Porém, o livro tem uma perspectiva e um impacto de cunho social, pois o autor rompe com um paradigma monológico adotado em alguns âmbitos do saber e do conhecimento e nos apresenta um paradigma marcado pela ‘dialogia’ que se supõe a construção de uma prática radicalmente democrática e cidadã. O traço desta obra é a compreensão de que a construção epistemológica e hermenêutica tem como fundamento e síntese a construção de uma filosofia como ‘pedagoga da razão’, num sentido mais dialético do termo.