“Novecentos”, de Alessandro Baricco, não é uma data, é um nome. Ou melhor, um sobrenome. Explica-se: um bebê recém-nascido é abandonado dentro de uma caixa de papelão, em cima de um piano de cauda, do navio Virginian. O marinheiro que encontra o menino resolve adotá-lo e batizá-lo de Danny Boodmann Novecentos. Aos 8 anos, Novecentos fica órfão e passa a ser filho do navio, onde cresce. Torna-se um exímio pianista autodidata e passa 32 anos de sua vida sem jamais pisar em terra firme. Mas os inúmeros passageiros que o assistem tocar nas viagens do Virginian espalham pelas variadas cidades que o jovem pianista do oceano é um verdadeiro gênio da música. Sem registro nem família — especula-se que ele tenha sido abandonado por alguma imigrante desesperada —, ele faz do navio sua pátria e família. O pianista mais talentoso dos mares aumenta sua lenda com a inesgotável disposição de tocar piano, sob sol ou violentas tempestades. Viu todas as cidades do mundo do ângulo do oceano, sem conhecê-las, apenas a imaginá-las. Mas chega o dia em que Novecentos resolve, finalmente, descer do navio. Quer ver o mar da perspectiva de quem está na terra. O que isso pode significar para ele?