Este é, leitor, efetivamente, um livro destemido: narra o encontro entre dois procuradores, Jader de Figueiredo Correia e Álvaro Ricardo de Souza Cruz, separados no tempo por quase 50 anos de história do Brasil; e revela os recursos que cada um deles utilizou para romper o silêncio sobre as práticas de violência cometidas pela ditadura militar contra povos indígenas em nosso país. Em 1967, Jader de Figueiredo Correia, procurador do Estado, foi indicado pelo general Afonso de Albuquerque Lima, ministro do Interior no segundo governo militar, para chefiar uma Comissão de Investigação sobre as atividades do Serviço Nacional do Índio o órgão indigenista oficial que antecedeu à Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Albuquerque Lima era um general linha dura, estava com a cabeça voltada para o ambicioso projeto de colonização e desenvolvimento que a ditadura pretendia implantar no país e sabia que precisava olhar atentamente para a política praticada pelo Estado, no que se referia à incorporação e demarcação de terras destinadas aos índios.