O rap é uma poética musical da cultura negra e periférica que faz confluir a história da escravidão, a luta antirracista e a denúncia das exclusões produzidas pelo neoliberalismo, elevando a um novo patamar a consciência negra porque fala em primeira pessoa da realidade cotidiana, das diferentes experiências do ser negro e do devir-negro do mundo. O livro Vozes e Ecos no Rap: estéticas, políticas e epistemes negras propõe uma abordagem do rap como uma potente caixa de ressonância das denúncias e lutas contra o racismo, a marginalização e a violência policial, que são as heranças histórica e estrutural da escravidão, as quais se impõem como necropolítica na realidade das periferias do capitalismo, a exemplo de São Paulo, Lisboa e Luanda. Como vozes da cultura negra contemporânea, os rappers atuam com suas poéticas, estéticas e performances contestando também as formas de dominação colonizadoras, racistas e segregadoras dos saberes, das línguas e das linguagens. (...)