A consciência não é um objecto tal como o fenómeno físico não é, de imediato, um objecto. O fenómeno, por vezes, é o que se pode interpretar como reflexo das propriedades de um objecto. Ora, não será isto a fonte comum de algumas das dificuldades da filosofia do espírito e da física? Não se fará um falso percurso quando se pretende tratar tudo como objecto em nome de um sonho de universalidade do método científico tradicional? Mais do que procurar, obstinadamente, uma solução para os problemas da relação entre o cérebro e a consciência e do "gato de Schrödinger" em física quântica, o autor, neste livro, preocupa-se antes em demonstrar que os próprios termos do seu enunciado, condicionados por este sonho, os deixam sem saída. Michel Bitbol constatou que as vias mais prometedoras, iniciadas recentemente, para "resolver" estes problemas voltaram, de facto, a mudar sub-repticiamente o seu enunciado. Porém, levar até ao fim uma tal mudança, conseguir "dissolver" esta família de problemas, supõe uma generalização do método científico. O novo método, defendido por Michel Bitbol, não se limita à definição e à caracterização de objectos, mas estende-se à coordenação directa da multiciplicidade das experiências locais e subjectivas. MICHEL BITBOL é investigador no CNRS e professor na Universidade de Paris-I. Formou-se em Medicina, Física e Filosofia e a sua obra foi galardoada pela Academia de França.