Em O Menino que Espiava Pra Dentro, Ana Maria Machado, sempre com as palavras tão bem articuladas, conta a história de Lucas, um menino com a maior facilidade de sonhar, de imaginar. Mesmo prestando muita atenção em tudo, tudo também é motivo para ele se distrair e entrar em um outro universo mágico, longínquo, distante. Inventa um amigo, Talento ou Tamanco ou Tatá, anda sobre ondas, come a maçã do sono profundo, mora em conchas, voa pelos ares, vê automóveis-leões, bosques de caramelos. Não dava para espiar mais, para ver nada, nem na frente nem atrás. Só aquele breu profundo. Ele, de um lado. Do outro, o mundo. De repente, um beijo, um abraço, os olhos se abrindo, a luz brilhando no espaço. Você é uma princesa? A mãe riu (...). Uma narrativa que resgata na criança a fantasia, a liberdade, o encantamento, a possibilidade de brincar em outros reinos, em outras épocas, de ser outros seres.