Um apelido íntimo, delicado, símbolo de uma amizade profundamente terna, é o título deste livro: Hervelino. Quando gentilmente Mathieu Lindon abordou Hervé Guibert, que se esquivava sozinho no canto do apartamento de Michel Foucault Você está de castigo, Hervé Guibert?, não sabiam ainda os dois jovens da intensidade da relação que se avizinhava. Um amor amigo desses difíceis de retratar, talvez mesmo indizível, sobretudo se observado através do luto que tragicamente o interrompeu. Nessas páginas marcadas pela melancolia, sim, mas também pela leveza que o correr dos anos permite, Mathieu Lindon recordará principalmente os anos que ele e Hervelino passaram na Itália, no final da década de 1980, como bolsistas da Villa Médicis, marcados pela recente descoberta de que Guibert era soropositivo. Hervelino faleceu em 1991. O livro em sua homenagem, entretanto, virá ao mundo somente em 2021, tamanho o trabalho que este luto aqui exposto exigiu.