Os vínculos entre educação e materialismo histórico não são deste nem do último século, que desenharam na epiderme destas duas grandes dimensões da vida social práticas e sentidos diversos, tanto em suas veredas solitárias quanto em seus momentos de diálogo. Apenas de Marx a Gramsci - só para citar os dois cânones mais utilizados nesta obra - temos um robusto acúmulo de reflexões, debates, ensaios, experimentações, capazes de fornecer pujantes contribuições para os estudos dos processos educativos, de suas fronteiras e potencialidades. Como na famosa assertiva de Walter Benjamin em Experiência e pobreza, na modernidade capitalista, criadora cotidianamente de novas barbáries, precisamos cada vez mais e urgentemente de experiências que nos conectem à cultura, significando-a, sob o risco de esta não valer de quase nada, tornar-se estéril, taxidermizada. De forma direta ou indireta, defendemos nestas páginas de tessituras coletivas que a filosofia da práxis representa o mais sensível e incisivo fio, capaz de costurar educação e política, cultura e memória, luta social e vida humana, narrativa e práxis, em tempos desafiadores, porque mais difíceis de serem lidos e traduzidos de forma imediata e sem tensões. As disputas recentes pela educação - nos solos do direito, da escola/universidade, da mídia, do parlamento -, ou melhor, por sua adesão às hegemonias em confronto, nos mostram que são inapagáveis as aproximações entre marxismo e educação, enquanto construções, partilhas e recuperações de sentidos sobre a própria existência e sobre o mundo, apartados diuturnamente pelos núcleos materiais e simbólicos do capital. (Os Organizadores)