Este livro procura compreender as práticas e ações dos movimentos de moradia e sem-teto em São Paulo e seus integrantes, na década de 1990, inseridos no “contexto do desmanche”. Contexto este que modificou e transubstanciou as categorias, os diagramas e a forma como os movimentos sociais fazem a experiência e incidem no debate público, alterando os termos da ação política. A experiência circula, mas num campo de encolhimento do possível. Chico de Oliveira, no prefácio a este livro, diz: “A política quer dizer precisamente para autores que você frequenta muito, a política quer dizer pautar a ação do adversário. Qualquer que seja o caso. Tornar-se intransponível. Por isso que não tem política. [...] A política precisa da previsibilidade.”O livro, desta forma, pretende mostrar que, nesse contexto, a política aparece como um “excesso”. Num contexto de encolhimento do possível, do cotidiano, a política só pode aparecer necessariamente no seu fundamento, o excesso democrático. A alteração desse contexto demanda uma reinterpretação dos movimentos sociais a partir da leitura das histórias narradas por seus participantes e pelos atores que os circundam.