Neste terceiro livro de Vanisa Moret Santos encontramos inúmeras passagens singelas e inusitadas que dão acesso à temporalidade do amor que constitui cada um de nós, pois é precisamente o amor a matéria prima com a qual se anima a pele que reveste os corpos. E isso se passa num "ultra passado" numa anterioridade amorosa sem a qual nem as palavras nem as imagens nos tocariam. O livro se organiza em três tempos: o do amor, o do ódio e o tempo depois do despertar o qual se assemelha a uma espécie de dépassement a esse efeito de ultrapassamento da escrita, como aponta o poeta François Cheng. O que vem depois do tempo do amor e do ódio? O tempo das "Iluminações" onde a poeta imprime um efeito polifônico e lúdico em sua escrita deflagrando que "os sons brincam de pique-esconde com o sentido".