A poesia brasileira contemporânea, aquela veiculada em livros – assim dita canônica – parece dispersa e pouco unificada, tanto em seus temas quanto em suas formas. Isso talvez seja um mero efeito cronológico, dado tanto pelo tempo vivido do inumerável disponível e difícil de abarcar, quanto pela fragmentação imposta em nossa época, na qual tudo parece caber e pouco tem perfil reconhecível.A excelente ´Apresentação´ inicial situa o leitor perante o conjunto dos ensaios, indicando suas vias principais, suas conquistas formais e seus passos e impasses. Indica também suas origens, seu modo de formar e algumas direções e caminhos neles perseguidos. Por exemplo, em que tipos de mímese esses poemas se fundam e com os quais procuram dar conta das espinhosas relações entre formas artísticas e formas sociais.Esses ensaios evidenciam diferentes caminhos críticos, cada autor com seu próprio percurso, suas preferências e referências, em buscas diversificadas para analisar e interpretar autores e poemas, os quais, aliás, não pertencem a nenhuma corrente literária, organizada ou não, cada um enveredando com sua própria individualidade e sensibilidade e oferecendo à ´praça de convites´ as produções que carregam as marcas das preocupações contemporâneas, estéticas e sociais.É uma poesia que, à melhor maneira moderna, o ´que sente está pensando´, e diz do nosso amargo presente sem concessões.