FELIZ 1958! O ANO QUE NÃO DEVIA TERMINAR, de Joaquim Ferreira dos Santos, lançamento da Editora Record, conta a delícia de ser brasileiro naquele final sorridente dos anos 50. O Brasil foi campeão do mundo de futebol pela primeira vez. João Gilberto lançou o 78 rotações com Chega de saudade e deu o arremate final na bossa nova. JK botou nas ruas o DKW-Vemag, o primeiro carro com 50% de suas peças produzidas aqui. Tudo deu certo.O autor entrevistou personagens daquele ano, mergulhou nos arquivos de O Cruzeiro, ouviu fitas da Rádio Nacional e trouxe um perfil do período mais exuberante de nossas vidas neste século. O cinema novo começava a produzir, mas a chanchada ainda demonstrava vigor em 17 filmes. Zé Celso inaugurava a vanguarda do teatro oficina, mas o teatrão do TBC continuava em cena. O Brasil embicava para a modernidade Oscar Niemeyer traçava Brasília, o Jornal do Brasil realizava sua reforma gráfica, mas convivia sem conflitos com o seu passado. Ao contrário de 1968, quando o pau quebrou e o ano não terminou, segundo a definição do livro de Zuenir Ventura, 58 foi tão harmonioso que não devia terminar nunca.Adalgisa Colombo sagrou-se Miss Brasil revolucionando os concursos de beleza com uma ousadia que antecipava as mulheres dos anos 60. Nas ruas do Rio, além das novidades da indústria automobilística nacional, o charme de uma cidade que vivia os últimos dias de capital federal. Carmen Mayrink Veiga lembra os jantares à luz de velas no Country Club, os comentários dos colunistas sociais e a geladeira de estolas de vison na Casa Canadá, na Rio Branco.Foi o ano do bambolê, da juventude transviada, da criação das fofocas da Candinha na Revista do Rádio, da vitória de Maria Ester Bueno em Wimbledon, do lançamento de Gabriela Cravo e Canela, de Brizola encampando a ITT e do rinoceronte Cacareco elegendo-se vereador nas urnas em São Paulo. A democracia era plena, e Luiz Carlos Prestes, depois de ficar foragido por nove anos, reaparece no Noite de Gala [...]