A primeira apresentação de Tannhäuser aconteceu ontem, 13 de março, no teatro da Ópera. Essa apresentação foi uma das mais interessantes e também uma das mais agitadas a que assistimos depois de muito tempo. Os estudos do Tannhäuser começaram há seis meses, e durante esse tempo a obra e o nome de M. Wagner foram antecipadamente discutidos com paixão. Os atrasos dos ensaios, os conflitos levados aos tribunais, a publicidade dada aos debates internos suscitados pelas exigências ou pelos escrúpulos do autor superexcitaram a curiosidade pública. Divertiram-se em exagerar as bizarrices do mestre estrangeiro; certas ridicularias foram, alegremente, jogadas sobre seu caráter; guardaram muito rancor pela alta proteção que lhe abre, muito justamente, as portas de nosso melhor teatro. Essas desconfianças preconcebidas, as rivalidades atenciosas, todos os sentimentos e todos os interesses os menos propícios à sadia apreciação de uma obra nova marcaram encontro. É preciso dizer que, contrário ao uso tradicional das primeiras apresentações, os amigos formavam, nessa numerosa plateia, uma clara minoria. Mas incontestáveis belezas venceram essas disposições pouco favoráveis e fizeram explodir, mais de uma vez, unânimes aplausos. Nas apresentações que se seguirão, o efeito das belezas crescerá, as vergonhas desaparecerão. Uma obra bem-sucedida que se funda mais pela presença de grandes qualidades que pela ausência de defeitos. Não tivemos nem o tempo nem o propósito de entrar aqui no exame nem na crítica da obra de Richard Wagner. Constatamos apenas que a Ópera fez bem em acolher o Tannhäuser. A arte encontra seu lugar em todas as audácias, e na vida de um grande teatro as agitações caem melhor que uma calma medíocre. Emile Perrin Revista Deux Mondes Paris, 1861A primeira apresentação de Tannhäuser aconteceu ontem, 13 de março, no teatro da Ópera. Essa apresentação foi uma das mais interessantes e também uma das mais agitadas a que assistimos depois de muito tempo. Os estudos do Tannhäuser começaram há seis meses, e durante esse tempo a obra e o nome de M. Wagner foram antecipadamente discutidos com paixão. Os atrasos dos ensaios, os conflitos levados aos tribunais, a publicidade dada aos debates internos suscitados pelas exigências ou pelos escrúpulos do autor superexcitaram a curiosidade pública. Divertiram-se em exagerar as bizarrices do mestre estrangeiro; certas ridicularias foram, alegremente, jogadas sobre seu caráter; guardaram muito rancor pela alta proteção que lhe abre, muito justamente, as portas de nosso melhor teatro. Essas desconfianças preconcebidas, as rivalidades atenciosas, todos os sentimentos e todos os interesses os menos propícios à sadia apreciação de uma obra nova marcaram encontro. É preciso dizer que, contrário ao uso tradicional das primeiras apresentações, os amigos formavam, nessa numerosa plateia, uma clara minoria. Mas incontestáveis belezas venceram essas disposições pouco favoráveis e fizeram explodir, mais de uma vez, unânimes aplausos. Nas apresentações que se seguirão, o efeito das belezas crescerá, as vergonhas desaparecerão. Uma obra bem-sucedida que se funda mais pela presença de grandes qualidades que pela ausência de defeitos. Não tivemos nem o tempo nem o propósito de entrar aqui no exame nem na crítica da obra de Richard Wagner. Constatamos apenas que a Ópera fez bem em acolher o Tannhäuser. A arte encontra seu lugar em todas as audácias, e na vida de um grande teatro as agitações caem melhor que uma calma medíocre. Emile PerrinRevista Deux MondesParis, 1861