Em 'O princípio esperança', Ernst Bloch remata teses formuladas desde 1918. A obra se divide em três volumes, nos quais o filósofo alemão expõe um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança. Para tanto, o autor atravessa o espaço e o tempo. Com sua vasta erudição, focaliza fatos, idéias e textos que marcaram a trajetória dos povos em variados momentos de nosso caminhar sobre a terra. A partir do que enxerga no passado e no presente, esboça os contornos de um futuro possível, a ser atingido mediante um combate que mantém toda a sua atualidade. Afinal, continua desafiando o ser humano o projeto de reconquistar a si, ultrapassar o reino da alienação e realizar um mundo novo. Com este volume de 'O princípio esperança' encerra-se a publicação da obra magna de Ernst Bloch (1885-1977), denominada pelo próprio autor como a "enciclopédia da esperança". O alcance da obra, quando publicada na Alemanha entre 1954 e 1959, foi conturbado pela tempestade que se abateu sobre os comunistas em conseqüência das revelações feitas por Kruschev sobre o período stalinista. Mas, já no final da década de 1960 o pensamento de Bloch começa a se colocar na linha de frente do movimento socialista dos estudantes alemães. Essa correspondência é a marca emblemática de um fraterno encontro de duas gerações de comunistas e a prova da possibilidade de uma relação dialética entre passado e futuro, um dos traços da dimensão utópica.