Na ficção de Howard Phillips Lovecraft, apenas coisas inverossímeis acontecem, sem nenhuma referência à trivialidade da vida cotidiana. Nada é por acaso, e tudo o que consta nas suas páginas evoca um sentido ominoso trata-se do Mal, do Pior e do Terrível, confrontando magistralmente o leitor com uma experiência de terror cósmico que perturbará seus sonhos para todo o sempre. H.P. Lovecraft explora como ninguém o incompreensível, o lado obscuro da mente humana, através de sua vivacidade imaginativa, envolvendo suas personagens em sombras, sonhos e pesadelos. Nesse lugar que materializa o terror, ele convida o leitor para a experiência limite de adentrar em mundos desconhecidos, transformando esse devaneio, que lembra nossos pesadelos mais terríveis num passeio onde a realidade é trocada pelo desvario e a vida humana cede ao delírio do sobrenatural. Esses mundos sombrios e subterrâneos são habitados por estranhos seres que desde eras imemoriais coexistem com a ilusória tranquilidade da superfície, assaltando, de tanto em tanto, o cotidiano. Seres de um passado mítico, passageiros de um tempo indefinido a procura do autoconhecimento, da imortalidade e do poder divino. Na obra de Lovecraft o mundo é um lugar terrível, onde a humanidade surgiu por acaso, graças a um breve período de sono das poderosas forças ancestrais que observam e esperam o momento para despertar e dar fim a ela. E aquele que se aventurar a perturbar estas forças, pagará um alto preço com a vida ou a sensatez. Os elementos que constituem a rara arquitetura de H.P. Lovecraft estão presentes nos contos de a cor que caiu do céu. Acontecimentos aparentemente inverossímeis, mas sem dar lugar ao acaso, fazem o leitor transitar trilhas obscuras, onde o inominável faz sua aparição, pondo a perder toda e qualquer ilusão de segurança.