Este livro enfrenta desafios de processos revolucionários a partir do ponto de vista daqui, pelo olhar da América Latina. Coloca em questão, também, a natureza da revolução em si mesma. Por isso, ler a obra de Raphael Seabra constitui como sorver golfadas de ar fresco em clima de deserto. O princípio metodológico empregado consiste no estudo concreto das realidades em curso nos processos revolucionários. E isto o conduz a estudar a transformação radical, por exemplo, a partir de processos democráticos, da "luta pela radicalização da democracia". É a "opção pela ruptura revolucionária por meios pacíficos". Teimosamente, em intervalos determinados, os dirigentes da Venezuela continuam a submeter-se ao escrutínio do voto popular e a realizar referendos. "Avançar e radicalizar a participação democrática da maioria em interesse da maioria". Está em curso um processo de transformação radical que não se respalda no emprego da violência como instrumento de transição. Outro desafio encontra-se no recurso ao conceito de classes subalternas. Classes subalternas apresentam a capacidade de ser um elemento unificador da heterogeneidade dos segmentos sociais secularmente submetidos à exploração. Realizar tal percurso implica em leitura laudatória da via venezuelana para o socialismo. E sim numa interpretação inovadora e arrojada, calcada no conhecimento detalhado das especificidades da sociedade e da história venezuelana, num sólido diálogo com a literatura sobre revolução e numa crítica contundente aos "erros, vacilações" e recuos do governo bolivariano no único processo de transformação radical em curso na América Latina.