A visão que temos da ciência e dos cientistas é uma imagem cheia de racionalidade, objectividade e espírito aberto. A realidade, porém, é muitas vezes bem diferente - a ciência também contém em si irracionalidades que não vêm ao palco e só se conhecem nos bastidores. O autor, através da sua experiência pessoal, conta-nos uma história verídica sobre a resistência dos cientistas à inovação científica. Estudos baseados numa teoria nova sobre a reactividade química das moléculas são rejeitados quando entram em conflito com outras teorias vigentes, mas aceites quando esse conflito não existe. Apesar de a resistência à inovação científica pelos cientistas ser uma constante na história das ciências, trata-se de um tema muito pouco estudado. Daí o interesse desta obra, que nos fala dos «paradigmas» de Kuhn, de revoluções científicas e da evolução da ciência. Não obstante o tema científico ser de química, o essencial da mensagem do livro ultrapassa em muito o âmbito das ciências exactas e naturais, pois as questões à volta das «mudanças de paradigmas» interessam a historiadores, filósofos, sociólogos e teólogos. O autor não fica por aqui, pois descobriu certas comunidades científicas onde a resistência à inovação por conflito de teorias é praticamente inexistente, e apresenta algumas explicações possíveis para este comportamento, em que agora a racionalidade vence a irracionalidade e as concepções de Kuhn não são verificadas. São perspectivas interessantes na arte de comunicar ciência.