O que esperar da história de um filho de espanhóis, nascido quase clandestinamente na União Soviética, com deficiências físicas e mentais, separado da mãe com um ano e meio e criado entre orfanatos e asilos, senão a crônica sem fim de sofrimentos e humilhações e da revolta provocada por eles? 'Branco sobre negro' é uma crônica de vitórias, uma elegia do bem, da felicidade e do amor. O autor, Rúben Gallego, começou a escrever após de reencontrar a mãe espanhola, em Praga, depois de uma rocambolesca aventura pela Europa. Abre o livro narrando como é penoso ir ao banheiro sozinho, durante a noite, mas em momento nenhum se deixa contaminar pela autocomiseração. O livro é dividido em episódios, sem ordem cronológica, formando um painel da vida das crianças deficientes na União Soviética. Nem sempre Rúben é o protagonista das histórias, mas em todas é o narrador e todas são marcadas pelo seu olhar humano e irônico.