Os bairros são feitos pelos seus moradores, que imprimem aquelas marcas inconfundíveis aos cantos do Rio. Neste livro, o autor, além de ser um desses personagens, percorre as ruas e bares do Leme, retratando muitas dessas figuras emblemáticas, numa viagem no tempo e ao fundo da noite. Vai do piquenique de um dos mais eminentes visitantes, o imperador Pedro II, às histórias dos mais humildes e desvalidos, como Maria dos Retalhos, Raimundo Trambique, o Rei Zulu ou o mirrado Frankie. Porteiro de boate nos tempos de vacas gordas, ele saía da Pavuna, sempre de terno e gravata, para chegar ao Leme às quatro da tarde e faturar algum troco, imitando, sofrível e constrangedoramente, o seu maior ídolo, em músicas como "New York, New York", o carro-chefe de ambos, e viveu uma noite triunfal, quando um amigo lhe disse, naquele tom categórico que o álcool costuma conferir às conclusões: "Você é que é o verdadeiro e autêntico Frank Sinatra; o gringo não passa de um produto da mídia! Sem essas pessoas que lhe deram e lhe dão vida e o transformam continuamente, o Leme ainda seria aquele cenário natural e selvagem com que deparou D. Pedro II em seu sofrido piquenique, sem chope e sem churrasquinho