O tema deste trabalho é a relação entre Candomblé e resistência, a partir de uma leitura crítica do romance Jubiabá. Pretendemos propor uma reflexão sobre a dicotomia que coloca em oposição resistências e religiosidades. Ligado ao Partido Comunista, Jorge Amado escreveu em 1935 Jubiabá, cuja narrativa acompanha um personagem negro proveniente das classes baixas, morador do morro, rumo ao seu amadurecimento biológico, que coincide com a aquisição da consciência política Num contexto em que pairavam as discussões sobre a questão do negro não incluído efetivamente no pós-abolição, marginalizado assim como sua cultura, incluindo a religiosidade, bem como uma certa frustração dos que esperaram a Revolução de 1930 como realizadora de efetivas mudanças na sociedade.  Nesse caldeirão, onde somava-se ainda a discussão sobre a identidade nacional, Amado apresenta-nos Jubiabá, uma cartilha que resgata lutas populares e que convida os leitores a seguirem os passos de Antônio Balduíno, personagem principal, rumo à percepção de que a questão racial, bem como a liberdade religiosa são lutas que integram uma luta mais ampla, rumo à libertação de todos os trabalhadores. Esse processo só é possível graças à companhia do elemento religioso, seja na figura do pai de santo, cujo nome é homônimo do título do livro, e um orixá. Não se trata de um orixá escolhido aleatoriamente, mas Exu, o responsável pela comunicação, pelo movimento, pelas lutas e mudanças. Ele que acompanha o personagem rumo à conquista da consciência de classes.