A obra de arte nos afeta de várias maneiras, com diferentes formas. Sandália havaiana, bolsa fake Louis Vuitton, blindex, cadeiras de praia coloridas, entre outros objetos, são matéria-prima para a produção artística do português Rodrigo Oliveira. Ao misturar referências, fazer recortes vários a partir de uma gama imensa de pontos de vista, Rodrigo cria objetos, performances e esculturas que tomam de assalto - e afetam - o espectador. Mas como ele consegue isso? Como Rodrigo transforma o espectador em agente do ato criador? Arrisco que isto seja possível pela releitura, apropriação ou incorporação - já que suas performances incluem o corpo - que o artista faz das referências do século XX, adentrando o século XXI. Sim, pois é do terceiro milênio que ele nos fala. A beleza e o colorido vibrante de suas obras como desejo maior do artista de "se dissociar desse destino pessimista que se encontra no canto inferior ocidental da Europa" e com uma "tropicalidade contemporânea" tentar tirar o velho continente - ou pelo menos os europeus - "da lama". Apoiado no pensamento e na produção de Duchamp, Le Corbusier, Mondrian - e por que não Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, enfim, os papas da pop art -, Rodrigo salta adiante. É da cultura que nos é contemporânea que Rodrigo situa seu olhar, com ironia, sarcasmo, humor e por que não, emotividade? Afinal há uma proposta salvacionista em suas ações e escolhas. Por meio do confronto, do diálogo e da justaposição de culturas, Rodrigo estabelece a tão propalada "circulação cultural", conceito criado pelo historiador (inclusive da arte) Carlo Ginzburg em O queijo e os vermes.