O momento de júbilo pelo nascimento de uma criança pode ser muito breve. É o que descobrem, atônitos, os pais da pequena Freya, ao saberem que a filha recém-nascida sofreu uma irreversível paralisia cerebral. Para sobreviver às frequentes convulsões e graves problemas respiratórios, a menina precisa de acompanhamento e supervisão constantes. O casal precisa decidir, em poucos dias, se a filha seguirá com eles para casa ou se a entregarão à assistência social britânica. O choque inicial dos pais, logo após a cesariana de emergência, e a reação dos amigos e dos médicos são descritos em velocidade atordoante no primeiro capítulo de Cozinha à prova de ratos, romance de estreia da premiada documentarista inglesa Saira Shah. Embora a autora ressalte que a abertura do livro é o único trecho calcado na vida real, como os protagonistas do romance, Saira Shah e seu marido trocaram Londres pelo interior da França depois do nascimento da filha, em busca de melhor qualidade de vida. No entanto, ao contrário da ficção, jamais imaginaram deixar a menina em qualquer instituição um dilema que angustia o personagem Tobias, um músico especializado em trilhas sonoras para cinema, casado com a chef Anna, que pretende montar uma escola de culinária no casarão que eles compram no Languedoc. O sofrimento dos pais, em função dos problemas de Freya, é contrabalançado pelo convívio com vizinhos e visitantes que os ajudam a aclimatar-se à região. Entre eles estão a moralista e excêntrica mãe de Anna, cuja presença é uma irritação permanente para a filha e o genro, o jovem faz-tudo, sempre pronto a resolver os problemas da casa e do casal, uma adolescente hippie, envolvida em diversos rituais de homenagem à natureza e sem a menor disposição para qualquer trabalho, o velho caçador que participou da Resistência aos nazistas na Segunda Guerra Mundial. A mudança de um centro urbano para o interior mostra-se mais complicada do que imaginavam Anna e Tobias já que as soluções habitualmente à mão nas cidades grandes como exterminadores de roedores ou quem conserte um telhado inexistem nos arredores da imensa propriedade que eles adquiriram a preço ínfimos sem saber que não contariam sequer com abastecimento de água. Conquistados pela espetacular visão de colinas cobertas de plantações de lavanda e, ao longe, as neves eternas dos Pireneus, em um dos lados, e no outro, bem distante, o brilho longínquo do Mediterrâneo, eles enfrentam a restauração não projetada da casa. Enquanto se afeiçoam aos vizinhos e aos hóspedes ocasionais, Anna transborda de paixão por Freya, apesar da resistência de Tobias, relutante a se render aos encantos da menina, que pouco enxerga, não fala, mas sorri e responde a estímulos carinhosos dos pais. Anna e Tobias precisam deixar de lado a arrogância dos que vêm das metrópoles, observando e se entregando aos encantos da simplicidade para não sucumbir à falta dos confortos a que se habituaram. Aos poucos, percebem o quanto estão despreparados para o inesperado. Ao longo de quase um ano, eles aprendem a cultivar a tranquilidade, entregando-se ao ritmo do lugar, encontrando espaço dentro do cenário que escolheram para o resto de suas vidas, ao lado de Freya.O momento de júbilo pelo nascimento de uma criança pode ser muito breve. É o que descobrem, atônitos, os pais da pequena Freya, ao saberem que a filha recém-nascida sofreu uma irreversível paralisia cerebral. Para sobreviver às frequentes convulsões e graves problemas respiratórios, a menina precisa de acompanhamento e supervisão constantes. O casal precisa decidir, em poucos dias, se a filha seguirá com eles para casa ou se a entregarão à assistência social britânica. O choque inicial dos pais, logo após a cesariana de emergência, e a reação dos amigos e dos médicos são descritos em velocidade atordoante no primeiro capítulo de "Cozinha à Prova de Ratos". Romance de estreia da premiada documentarista inglesa Saira Shah, a autora ressaltou que a abertura do livro é o único trecho calcado na vida real.