Em seu livro de estreia, Emerson Costa nos oferece contos com aroma de casa, vida simples, bem vivida. Em uns, contos do campo, nos desperta os sentidos, sons e aromas; em outros, traz as singelezas de momentos entre pais e filhos: belezas dos laços de pertencimento, alegrias do convívio familiar, descobertas. No prefácio, Ariane Severo prepara o leitor: “Vamos lendo, percorrendo um território íntimo das relações entre pais e filhos, absorvendo cada detalhe, nos identificando e nos deixando seduzir.” E seduzidos, percorremos cenas domésticas tão únicas e ao mesmo tempo tão familiares, como as do conto O beijo e as línguas: “Em um certo dia, o pai tem um sentimento de estar em frente a um prato cheio de sopa e, antes de dar a primeira colherada, alguém vem e dá um encontrão na mesa. Cardápio do dia: sopa com solavanco. E foi assim, à mesa, ‘do nada’, que uma das pequenas começa a contar uma historinha ao pai: – Hoje, o fulano me beijou. Eis o solavanco.