Em DE VOLTA, Antonio Negri, um dos filósofos políticos mais importantes da atualidade, fala de sua volta à Itália, em 1997, depois de 14 anos de exílio na França. Ao mesmo tempo, em vários momentos deste "abecedário" biográfico, Negri tece elogios teóricos e políticos à "ausência" de memória: "A continuidade da memória, essa maneira de pensar na tradição, se torna rapidamente dogmática." O autor sublinha que a opressão se funda sobre a tradição. Mesmo implicando o regresso à prisão, da qual só se livraria sete anos mais tarde, Negri vê sua volta como uma ação, uma saída da solidão do exílio. A "volta" do filósofo é na realidade uma fuga do militante, fora do vazio do exílio, do mesmo jeito que a escolha do exílio havia sido uma fuga da derrota da prisão. É uma volta aos princípios de um pensamento que se funda na Erlebnis - na experiência vivida, na ação como único critério de verdade. E isso exatamente na medida em que a ação está dentro do processo produtivo das lutas: o problema não é participar, mas construir. O princípio não é a filosofia. Educação - afirma Negri lembrando o ensinamento de seu avô comunista - é a transmissão das lutas, contra todas as tradições.