Em um pequeno livro de intervenção, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos escreveu: "A universidade do século XXI será certamente menos hegemônica, mas não menos necessária, que o foi nos séculos anteriores. A sua especificidade enquanto bem público reside em ser ela a instituição que liga o presente aos médio e longo prazos pelos conhecimentos e pela formação que produz e pelo espaço público privilegiado de discussão aberta e crítica que constitui. Por essas duas razões, é um bem público sem aliados fortes. A muitos não lhes interessa o longo prazo e outros têm poder suficiente para pôr sob suspeita quem ousa suspeitar deles, criticando os seus interesses." (A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade, 2004). Lembrei-me das considerações acima ao ler o conjunto de trabalhos apresentados na 30ª Reunião Anual da ANPEd, de outubro de 2007, no âmbito do GT 11, Políticas de Educação Superior. Os capítulos e a introdução somam-se às reflexões de Boaventura de Sousa Santos e me dão a convicção de que o presente livro se constitui em poderosa arma (ou como escreve Pierre Bourdieu, em Contrafogos) contra aqueles que consideram a universidade como um elemento de mercado, na qual não há espaço para a crítica ou, ainda, contra a forte tendência que entende a identidade professoral transitando do âmbito acadêmico para o da consultoria - de preferência, internacional. Este Reformas e políticas: educação superior e pós-graduação no Brasil desenvolve, em sua totalidade, o trabalho crítico necessário à preservação e ampliação do espaço público no campo da educação superior brasileira - e é isso que torna a sua leitura imprescindível.