O que Freud teria a dizer sobre o sistema penal, sobre o crime, sobre o criminoso e sobre os juízes que o julgam? O presente livro pretende elaborar um modelo em criminologia psicanalítica que responda a essas questões, debruçando-se sobre os textos freudianos a fim de construir, a partir desses referenciais teóricos, um discurso crítico sobre a punição. Apesar de a psicanálise já ter sido usada, no campo da criminologia, como saber auxiliar e legitimante do sistema punitivo, parece claro da leitura da obra freudiana que, a partir de sua essência, há um incompatibilidade entre a ética da psicanálise e o binômio crime-castigo. Assim, o livro sustenta que apenas um modelo libertário de criminologia psicanalítica poderia ser fiel à própria razão de ser da psicanálise. O trabalho parte de uma revisão bibliográfica sobre as obras de Sigmund Freud e seus discípulos imediatos, a fim de demonstrar que o modelo criminológico legitimante da punição não se coaduna com a psicanálise freudiana. A partir dessa constatação e da colocação dos desafios consubstanciados no advento do paradigma da reação social e da criminologia crítica, o livro traça encaminhamentos para a instrumentalização da psicanálise em direção à crítica das práticas punitivas institucionais.