Entender a relação entre vida e obra constitui sempre tarefa desafiadora. Os cinqüenta e dois anos da trajetória de vida de Antonin Artaud (1896-1948) foram mais do que ilustrativos dessa relação tensional que se estabelece entre a endo-referência do sujeito e a exo-referência do sistema. As desavenças mentais do escritor são mais do que conhecidas. Em 'Antonin Artaud, a revolta de um anjo terrível' - originalmente tese de doutorado defendida na PUC de São Paulo - Alexsandro Galeno Araújo Dantas, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, entra de cabeça nos continentes do Artaud, na plasticidade cênica de suas escrituras, nas angústias plurais de seu ser-sujeito. Sua artaudicéia se estrutura em seis atos-percursos, nos quais a dialogia vida-obra se reveste de um caráter trágico, explosivo, dilacerador, hominescente.