Mas, se ergues da Justiça a clava forte Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, à própria morte Terra adorada Entre outras mil És tu, Brasil Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil Pátria amada Brasil! Você já se perguntou sobre a força dessa representação? Sobre os sentidos que ela funda e sobre como ela reitera de forma velada uma sociedade excludente? É bem provável que não. E isso não é por acaso. Os brasileiros são vítimas de um deliberado processo de invenção histórica, cujo sentido consiste em não compreender a história do seu país. Embora em vários momentos você possa ter sentido desconforto diante dessa narrativa ou seja, não tenha se sentido representado por ela é bem possível que você ainda acredite que somos um povo ordeiro e pacífico, que não conhece conflitos e vive alegremente na democracia racial que prospera no Brasil, um país gigante pela própria natureza. O livro que você tem em mãos trata da invenção discursiva dessa imagem perversa: é um manifesto de insurgência contra a violência simbólica verdeamarela que foi e infelizmente continua sendo exercida contra milhões de jovens estudantes ao longo da nossa história. Não é um livro que glorifica os vencedores. É um livro que pensa a invenção do Brasil e o autoritarismo nosso de cada dia a partir da ótica dos vencidos. Você não encontrará aqui nenhum elogio deliberado da ideologia excludente da nossa bandeira ordem e progresso como se sagrada fosse. É um livro herético, que profana o Brasil. Um livro que confronta o Brasil com a sua própria história: uma história de violência e dominação, que deve ser devidamente compreendida pelos brasileiros.