A filosofia islâmica ou, como alguns preferem, a falsafa, a filosofia produzida em língua árabe, origina-se na recepção da filosofia grega por parte do mundo islâmico devido ao movimento de traduções iniciado durante o período abássida (séc. VII), principalmente por cristãos jacobitas e nestorianos. Durante muito tempo a filosofia islâmica foi estudada mais em vista daquilo que podia contribuir para a compreensão das fontes de filósofos cristãos, como Tomás de Aquino, Duns Scotus e Alberto Magno, do que por si mesma como filosofia autônoma e original. Mesmo quando ela mesma era objeto de estudo, a concepção de que era constituída por uma contínua preocupação com o embate entre fé e razão levava os estudiosos a acreditar que seus autores tinham sempre algo a esconder, já que suas verdadeiras opiniões contradiziam quer os fundamentos da religião quer a doutrina dos que detinham o poder. Pode-se dizer que nas última duas décadas os estudos sobre a falsafa já não seguem esse quadro. Atingiram um nível de sofisticação e especialização, tanto metodológica quanto textual, sem precedentes na história da filosofia, o qual o livro de Massimo Campanini reflete. Antes de ser uma história da filosofia islâmica, o livro é uma reflexão sobre seus principais temas, de modo a lhe restituir seu sentido próprio, como adverte o próprio autor. Campanini, na primeira parte da obra, apresenta-nos um quadro cronológico dos principais filósofos que comporão seu foco de investigação, expondo as principais ideias desses pensadores e as influências que eles receberam. Analisando o processo de formação dessas correntes de pensamento, mostra em que medida podem ser chamadas de islâmicas, defendendo, principalmente, que esses filósofos não buscavam na filosofia grega um modelo de racionalidade, mas uma base para suas próprias concepções religiosas. Conclui a primeira parte com uma análise das várias interpretações que essa filosofia recebeu de seus leitores contemporâneos.A filosofia islâmica origina-se na recepção da filosofia grega por parte do mundo islâmico devido ao movimento de traduções iniciado durante o período abássida (séc. VII), principalmente por cristãos jacobitas e nestorianos. Na primeira parte da obra, o autor apresenta um quadro cronológico dos principais filósofos que comporão seu foco de investigação, expondo as principais ideias desses pensadores e as influências que eles receberam. Analisando o processo de formação dessas correntes de pensamento, mostra em que medida podem ser chamadas de islâmicas, defendendo, principalmente, que esses filósofos não buscavam na filosofia grega um 'modelo de racionalidade', mas uma base para suas próprias concepções religiosas. Conclui a primeira parte com uma análise das várias interpretações que essa filosofia recebeu de seus leitores contemporâneos. Na segunda parte do livro, tomando como fio condutor o conceito de tawhid, unicidade divina, o autor passa a analisar os temas que surgem a partir dele, como a estrutura do cosmos e o arbítrio, a maneira como os filósofos islâmicos o trataram, bem como seu papel nos respectivos sistemas. Seu objetivo é mostrar como, apesar de posições diversas, a relação íntima que o homem, o mundo e Deus guardam é elemento constitutivo de seu pensamento.