Escritor e dramaturgo aclamado, Ariano Suassuna é conhecido também pelo bom humor e pelas frases desempenadas que enlaçam ouvintes e leitores no universo mágico, místico e popular de suas peças e livros. Rir e fazer rir. Duas formas de expressão que ele pratica, com gosto e perícia, na literatura e no teatro. Neles dá vazão a uma forma especial de comédia: “aquela que funde o riso mais desatinado à melancolia mais delicada”. A definição é de Suassuna. Sintética, ela ilumina a obra e, paradoxalmente, a vida do autor. Se a matéria prima da obra se nutre da comédia, a vida se alimenta da tragédia. E é por isso que ele, como escritor, continuou a ser “aquele mesmo menino que, perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro de 1930, passou o resto da vida tentando protestar contra sua morte”. A frase, emitida sessenta anos depois desse acontecimento trágico, foi escrita e lida por ele na cerimônia que o empossou na Academia Brasileira de Letras, em 1990."O Brasil dos espertos", de Eduardo Dimitrov, desenha o contexto necessário para situar a trajetória de Suassuna, inseri-la na cena teatral amadora do Recife dos anos de 1940 e analisar as oito peças que ele escreveu 1947 e 1960, com especial atenção aos cenários, às personagens e às relações sociais.