O homem do jardim foi escrito quando eu era bem mais jovem. Alguns dos episódios descrevem cenas que presenciei e que ficaram marcadas em minha memória. Pode-se dizer que a indecisão da Mila, a protagonista, sobre os passos a dar depois de anos de estudos e seu desencanto e rebelião de adolescência tardia também são reflexos meus. O resto é ficção mesmo. Lia muito Haruki Murakami naquela época, e o flerte com acontecimentos misteriosos, como os vividos pela protagonista na também fictícia cidade serrana de Morro das Araucárias, deve vir daí. Não que eu tentasse imitá-lo. Já que isso estaria fadado ao fracasso. Gostava do estilo do autor. Naquela época. Romance? Talvez O homem do jardim possa ser chamado de novela ou de uma sucessão de reflexões da Mila. Independentemente de definições, há personagens, e a narrativa trata das relações entre eles. De seus encontros e desencontros em uma época em que a internet e os smartphones não eram onipresentes como hoje. (E de sua solidão(...)