noctonautas: a cosmogonia segundo zizito é um longo poema em prosa, com marcações em versos e estrofes, algumas rimas quase incidentais e extensos períodos cujos meandros sintáticos são suavizados pelas quebras do verso o que também funciona como pontuação e respiro rítmico. O texto se abre como o universo inaugurou-se, com uma explosão, a antemãe de todas as explosões, inimaginavelmente explosiva, de arrepiar partícula subatômica, e com a solidão muda que a acompanha: ninguém morreu/devido à ausência de candidatos aptos; escatafataplum mas ninguém ouviu, pois não havia ar para propagar o som, apenas onomatopeia de explosão e princípio. De saída, a sensação de miudeza perante tanta grandeza. Uma miudeza tão ínfima, que a introdução do microscópico ser/de nome zizito, oriundo das profundas entranhas do nada, parece pouco afetar a insignificância do universo como resto, como entulho de explosão: tudo é pedaço/tudo é estilhaço/tudo é irmão//tudo é vestígio/tudo navega em vão. (...)