Desde quando surgiu, nos idos de 1998, o programa Cafezinho tem arrebatado uma legião de ouvintes. Com assuntos os mais diversos, tratados com um humor leve e, ao mesmo tempo, apimentado, característico de seus integrantes, agradou tanto, que recebeu uma segunda edição diária a partir de 2004 e, ao contrário de muitos prognósticos, também se tornou um sucesso. Qual a fórmula? Talvez a falta de fórmulas seja mais eficiente para explicar o sucesso do programa. Talvez a ausência de regras seja mais adequada para a saudável anarquia em que se chocam as opiniões, e os argumentos, quanto mais engraçados, mais valiosos. Os componentes assumem personagens criados no decorrer do tempo, que incorporam e desincorporam randomicamente. Assim, o bagualismo do Gauchão, o alemão raivoso, a estridência do Azedinho, os comentários do Olívio, as gargalhadas do seu Sílvio e tantos outros se relacionam numa harmonia caótica que faz o deleite dos ouvintes. As piadas enviadas pelos ouvintes são as mesmas que podem ser encontradas em outros lugares e mídias. Onde está o segredo, então? O diferencial está, claro, na interpretação particular e picante de um time que se especializou nisso. E, tendo esse processo de especialização acontecido debaixo dos nossos olhos (e ouvidos), foi valorizado. É como se a cada dia, depois do almoço, freqüentássemos uma rodinha de amigos que se junta para fazer a digestão zoando todo mundo (inclusive a si própria). Saudável e prazeroso, às vezes informativo, e sempre, sempre muito engraçado.