Matheus R. Gonçalves é jovem, mas seu espírito é ancestral: como um vigoroso bardo de aldeia ou um velho cronista em sua biblioteca, ele vai cantando e catalogando imagens sobre o corpo masculino, até formar um painel que pode muito bem ser descrito como um épico, no seu sentido mais coletivo uma história dentre muitas, mas uma bastante especial. Afinal, o que liga o belo Antínoo aos marinheiros de Jean Paul Gaultier? O seminarista tentado pela carne dos santos ao martírio de Mishima? O corpo perfeito da propaganda comunista ao beefcakes do cinema em technicolor? Comunidades possuem seus códigos, uma história cultural, e com o tempo formam uma iconografia. Matheus Gonçalves traça a contínua cronologia e permanência dessas imagens e, nos poemas que compõem este As fantasias da carne, versa sobre as relações entre o homem e seus desejos, partindo do ponto de vista íntimo de um corpo e de um imaginário homoerótico, homoafetivo, histórico e, até certo ponto, histérico. Para isso, (...)