Assombro zen é construído com a argamassa do brutalismo poético. Sem concessões e, ainda assim, com a ironia exata. Sua poesia é o ácido que decompõe as tintas da Civilização, desvelando suas estruturas apodrecidas, imersas no lodo financista e na barbárie do insignificado humano. Assim como às páginas dos jornais, nos poemas deste livro experimentamos uma sensação nauseante de desamparo, dessa \u201cvulnerabilidade pornográfica\u201d em que a humanidade se encontra depois de atravessar o caudaloso século XX, embriagada pelo falso poder tecnológico, distraída em ritmo vertiginoso. Então, caro leitor, este é, sobretudo, um aviso: mais do que um joguete de linguagem, os versos de Assombro zen são um convite para que deixemos nossa hipotética inocência de lado e compreendamos o quão próximos estamos de um colapso estrutural.