Toda grande empresa, de projeção internacional, tem alguma besteira na sua história. Ora, é a perda de liderança devida à não-renovação do produto: ora, é um erro crasso de administração. Em contraposição, toda grande empresa tem, também na sua história, uma ou mais idéias de gênio. Para Heller, o mundo de hoje começou em 1973, mudando radicalmente com a crise do petróleo. A partir daí, alguns indivíduos sensíveis às idéias que estão no ar passaram a impor certos padrões empresariais profundamente diferentes daquilo que se praticava até então. Contudo, variadas e numerosas empresas, até mesmo setores inteiros, não mudaram; permaneceram idênticos a si mesmos e assim cresceram, junto com tudo o mais. Em certos casos, uma ou outra idéia salvadora manteve em vida tais empresas e setores. Mas isso sempre constitui uma solução precária. A história, resultado de incessantes mudanças, encarregou-se de premiar aqueles que a decifraram e de punir os que erraram. Quando na empresa ninguém dispõe dessa capacidade, o melhor é chamar o super-homem. Literalmente. Pois o autor assim denomina (numa invenção gramaticalmente macarrônica, mesmo em inglês, "supermarketers") aqueles que farejam a mudança, que descobrem as futuras grandes árvores no mero despontar do broto e são capazes da ação correta na oportunidade certa. Percorrendo desde os ramos mais tradicionais, como o da fotografia, com suas máquinas, filmes e papéis, até os mais contemporâneos, como a eletrônica para a informática e comunicação, o texto, que é uma coletânea de artigos publicados em jornais, apresenta um desfiar de casos concretos que é, no mínimo, fascinante. Surgem novos conhecidos, marcas comerciais, processos de fabricação, jogadas mercadológicas, fusões entre empresas, enfim, tudo. Sem esquecer a radical alteração no motivador do consumo nos EUA: já foi a necessidade, hoje é o desejo. Da leitura desse caleidoscópio do êxito empresarial, uma das idéias que pode ocorrer ao leitor reflexivo está presente nas entrelinhas de praticamente todos os casos narrados, a da ética da ação empresarial. Outra idéia que também pode despontar, entre muitas, refere-se à própria sociedade que, longe de receber passivamente as inovações produzidas pela indústria, as antecipa.