O discurso religioso e as sexualidades mal ditas aborda a maneira como os sentidos sobre o gênero e a sexualidade ditos desviantes são significados no chamado discurso religioso neopentecostal. Com base na Análise de Discurso materialista de linha francesa, a obra oferece ao leitor um dispositivo de leitura que permite ir além da superfície linguística dos enunciados produzidos pela Igreja Universal do Reino de Deus em seu jornal Folha Universal. Nessa direção, adentra-se o processo discursivo que se engendra nas páginas do jornal, remetendo-se os dizeres ali formulados às suas filiações ideológicas e ao modo como, pelas condições de produção do discurso e pela ordem da língua, determinados sentidos produzem-se de uma maneira, e não de outra. Na abordagem teórica mobilizada, leva-se em conta o funcionamento do discurso religioso em sua relação com o discurso jornalístico, tendo em vista as implicações dessa relação na construção de efeitos de verdade e de evidência sobre determinadas maneiras de se estar no gênero e de vivenciar a sexualidade. Trata-se, portanto, de uma articulação original nessa linha de Análise de Discurso: aborda-se a relação entre o imperativo do discurso religioso, o modo de dizer do domínio jornalístico e, ainda, os processos de significação do gênero e a sexualidade.