Como se pode constatar no estudo de Catarina Ribeiro, o envolvimento de uma criança num processo judicial não tem de ser necessariamente uma experiência negativa ou traumática (embora o seja muitas vezes), mas é sempre uma experiência exigente para a criança, do ponto de vista emocional e cognitivo e, por isso, exige de todos nós, adultos - dos profissionais da psicologia forense, da medicina, do sistema de justiça, do sistema de protecção e segurança social, em particular -, o desenvolvimento de medidas que minimizem o seu eventual impacto negativo e o risco de vitimação secundária. Este estudo é, simultaneamente, um contributo para a sua prevenção, ao identificar, entre muitas outras coisas, algumas das dinâmicas e processos associados à vitimação secundária de crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar em contato com o sistema de justiça, ao revelar-nos o olhar e a voz dos seus atores de menor idade, ao apontar-nos soluções.